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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Start-up dos estrangeiros no Brasil

São Paulo - Onda Local (Canadá e Eslováquia) – Uma namorada brasileira foi a responsável por convencer Simon Croisetiere a se mudar para São Paulo, em 2009. Mas o canadense de 33 anos já estava de olho em outras características da cultura nacional. “Sabia que havia muitas oportunidades para empreendedores na área de internet”, diz. Há dois anos, Croisetiere conheceu Peter Propper, 29 anos, um eslovaco que buscava novos negócios. Juntos fundaram a OndaLocal, startup especializada em marketing digital para pequenas e médias empresas. “Nosso objetivo é aumentar o número de clientes dessas empresas, ao melhorar seu posicionamento no Google, ajudar a comprar anúncios no Facebook e em classificados online”, diz Croisetiere. A OndaLocal também desenvolve ferramentas, como serviços de métrica para monitorar e-mails e ligações. Lançada em novembro de 2012, a empresa recebeu investimentos do fundo Mountain do Brasil e planeja fechar o ano com 1,5 mil clientes. Fora do escritório, as coisas também parecem dar certo. “Adoro os brasileiros. Na Eslováquia, as pessoas são mais frias”, diz Propper. “Só achei difícil acostumar com a falta de pontualidade. Nada no Brasil começa na hora marcada.”
Itaro (Alemanha) – O alemão Jan Riehle, 34 anos, desembarcou no Brasil em 2011, contratado para intermediar as negociações entre investidores europeus e as operações brasileiras dos sites de e-commerce clickOn e Brandsclub. Quando as empresas foram vendidas, ele decidiu ficar e investir. Escolheu um nicho, o de automóveis, e desde novembro Riehle comanda a Itaro, um serviço de comércio eletrônico de acessórios e peças para carros. O modelo é inspirado em uma fórmula consagrada na Europa, mas a empresa começou a testar alguns novos serviços em São Paulo. “Ao comprar um pneu, por exemplo, o cliente escolhe para qual das 300 oficinas cadastradas ele deve ser enviado e já agenda um horário”, diz Riehle. Seu ambicioso plano de fundar uma empresa bilionária começou bem. A Itaro espera faturar 10 milhões de reais no primeiro ano. “O Brasil valoriza muito os gringos”, afirma Riehle em bom português, mas ainda com forte sotaque. “A penetração da internet está crescendo e o país, mesmo sendo muito grande, possui uma única língua.” Isso é um diferencial importante, segundo Riehle, em relação às centenas de idiomas falados em outros mercados também em expansão, como os de Índia e China. “Vários amigos me perguntam se devem vir para o Brasil. Digo que sim, porque eu, por enquanto, não tenho planos de ir embora.”

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Sophie & Juliete (Liechtenstein) – Fluente em inglês, espanhol, alemão, francês e português, Ronald Beigl não tem problemas quando precisa explicar, em qualquer idioma, porque deixou uma grande empresa internacional de consultoria para trabalhar com joias no Brasil. “Sempre quis empreender e sempre gostei de moda”, diz Beigl. Ao lado da sócia brasileira, Camila Souza, ele comanda, desde 2012, a Sophie & Juliete, uma empresa de venda direta de colares, pulseiras e anéis voltada para mulheres das classes A e B. O conceito é um upgrade do tradicional modelo de catálogos de empresas como Avon e Natura. As revendedoras, chamadas estilistas, organizam reuniões com amigas para apresentar as peças da coleção, mas usam a internet para finalizar a venda e solicitar a entrega das peças na casa das clientes. “Todas as vendedoras possuem uma página no nosso site e ganham uma comissão pelas vendas online”, diz Beigl. Nascido em Liechtenstein, pequeno país de 36 mil habitantes vizinho da Áustria, Beigl veio ao Brasil pela primeira vez em 2004, para um intercâmbio da faculdade. Cinco anos depois, já trabalhando na Suíça, foi enviado temporariamente a São Paulo e não voltou mais. O nome Sophie & Juliete foi escolhido após muita pesquisa. “As grandes marcas de moda têm nomes duplos. Escolhemos Sofia, que significa sabedoria, e Julieta, da história com Romeu”, diz Beigl. Até agora, a combinação deu certo. A empresa atraiu 7 milhões de reais em investimentos e já tem mais de 500 revendedoras em todos os estados do Brasil.
Emprego Ligado (Estados Unidos) – O jeitão de surfista californiano esconde a verdadeira identidade de Nathan Dee. Aos 32 anos, ele tem no currículo várias passagens por escritórios de advocacia em Nova York, onde cabelo comprido e tênis eram vetados. Hoje, em um clima bem mais descontraído, Dee e seus sócios tocam a Emprego Ligado, startup fundada em 2012 para recrutamento de vagas por SMS. “O foco é mão de obra em larga escala, para supermercados e empresas de telemarketing, por exemplo”, diz Dee. O service é gratuito para o candidato, que se cadastral e recebe, por mensagem de texto, notificações de vagas próximas à sua residência. “Viemos para o Brasil porque o momento econômico do país é favorável”, diz Derek Fears que, ao lado de Jacob Rosenbloom, completa o trio de fundadores da startup. Para morar no país, os amigos, que se conheceram na Universidade Stanford, rasparam as economias e colocaram dinheiro suficiente para conseguir um visto de investidor. Em 2012, foram concedidos 8 340 vistos desse tipo pelo governo brasileiro, um aumento de 40% em relação a 2011, com 286 milhões de reais injetados por estrangeiros em empresas no Brasil. Sobre a burocracia para abrir uma startup no país, reclamação de todo empreendedor, Fears diz: “É chato, mas serve como filtro para mostrar quem está realmente interessado no país”.
Pitzi (Estados Unidos) – Em 2010, o americano Daniel Hatkof desembarcou em SãoPaulo. Veio com a missão de entender o mercado e a cultura locais, a pedido de um fundo de investimentos. Não foi preciso muito tempo para que Hatkof, 29 anos, tivesse um insight curioso sobre o mercado brasileiro de telefonia móvel. “Como os celulares são caríssimos, as pessoas parecem ter medo de usá- los”, diz. Pensando nisso, fundou o Pitzi, um serviço de assistência técnica para celulares. Lançado no ano passado em São Paulo, o serviço já chegou a Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Com mensalidades que variam de 5 a 30 reais, a empresa promete consertar qualquer problema de software ou hardware em até três dias. Os aparelhos vão e voltam das oficinas credenciadas levados por motoboys ou Sedex. O único problema não coberto é tela quebrada. “Mas como trabalhamos com os fabricantes, conseguimos cobrar no máximo 75 reais pela troca da tela”, diz Hatkoff. A Pitzi funciona em um casarão reformado perto da Avenida Faria Lima, na Zona Oeste de São Paulo. O local é espaço de trabalho de uma dezena de startups, como a Emprego Ligado. “O clima é ótimo. Decidimos muita coisa jogando pinguepongue”, diz Hatkof. Em breve, a área de lazer deve ganhar TV, videogames e, quem sabe, instrumentos musicais. Antes de se formar em economia, Hatkoff estudou música e, acredite se quiser, tornou-se especialista em oboé.

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